Estética Humanizada: Saúde da Mulher X Beleza
Trago aqui a vocês uma resenha de meu trabalho de TCC que realizei para obtenção de titulação de minha especialização em estética. Para obter na íntegra, poderá ser solicitado por e-mail.
ESTÉTICA HUMANIZADA: SAÚDE DA MULHER X BELEZA
O câncer é classificado como uma doença que é proveniente de alterações no DNA, em uma única célula ou clone da mesma, que resulta em uma perda da função normal, crescimento descontrolado e com uma frequência a metástase (SANTOS, 2008).
Importa saber que o câncer mais comum em mulheres é recorrente em órgãos reprodutores, como mama e ovário (WARING AND HARRIS, 2011). Diante desse fato, pode-se correlacionar que, cotidianamente, uma ampla quantidade de cosméticos são aplicados topicamente sobre a região do peito e axilas, podendo ocasionar uma exposição contínua (DARBRE AND HARVEY, 2008; GOLDMAN, 2000).
Segundo dados da ABIHPEC, a indústria cosmética é um dos setores industriais que mais cresce no país (ABIHPEC, 2016). O Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de cosméticos, perdendo apenas para os Estados Unidos e Japão. Nesse mesmo ritmo acelerado, também cresce a incidência de câncer de mama (VIÑAS and JUNIOR, 2008).
Uma das hipóteses que aqui levantamos é o uso indiscriminado e muitas vezes sem controle governamental de cosméticos habituais, que são tidos erroneamente como inócuos (DARBE, 2006).
Esse fato se dá devido à grande exposição a que os seres humanos estão sujeitos quando entram em contato com diferentes tipos de produtos químicos (VO, JEUNG, 2009).
Desreguladores endócrinos podem ser os causadores de grande parte dos distúrbios reprodutivos em seres humanos. Segundo autores Konduracka, Krzemieniecki, Gajos (2014), as possíveis causas do câncer de mama são:
- pré-disposição genética
- terapia de reposição hormonal a longo prazo
- Álcool
- poluição ambiental
- estilo de vida moderno
Os xenohormônios são compostos químicos naturais ou sintéticos que podem interferir com as funções do sistema endócrino. Quando os compostos prejudicam a função endócrina, eles são denominados desreguladores endócrinos (KIM et al., 2012).
Estrógenos desempenham um papel importante na proliferação do epitélio mamário tanto normal quanto neoplásico. Estudos epidemiológicos, experimentais e clínicos confirmam a associação entre estrógenos e câncer de mama. Após o hormônio se ligar ao seu receptor celular, ele ativa os genes hormônio-responsivos que promovem a síntese de DNA e a proliferação celular (RUSSO AND RUSSO, 2006).
No caso de cosméticos, os desodorantes e cremes hidratantes são aplicados diariamente e mesmo muitas vezes ao dia na área da axila ao redor da mama, de forma que essa região é exposta continuamente a uma grande variedade de xenoestrógenos presentes nesse tipo de cosmético, os quais são absorvidos por camadas profundas da derme (KONDURACKA, 2014; TAVARES et al., 2009).
Ainda que muitos estudos encontrem traços de parabenos e desreguladores endócrinos em tecidos de câncer, não existe um estudo concreto que comprove que ele pode desencadear a doença, apenas que está presente nas células cancerígenas, por tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos nessa área.
Problematização
Ainda que o tema envolvendo cosméticos esteja presente frequentemente na rotina das pessoas e em especial na rotina das mulheres, existe uma falta de conhecimento de seus componentes químicos. Por tanto faz-se necessário abordar esse assunto de diferentes formas para que seja construído um conceito de sua real importância não somente no quesito estética como também na parte da saúde.
Alertando e sensibilizando as mulheres sobre a importância da observação constante das mamas para manter a saúde destas.
Objetivo
Utilizar a metodologia de estudo para conscientizar as mulheres sobre a necessidade de cuidar não somente da beleza, mas também da saúde ao mesmo tempo.
O objetivo específico do trabalho de pesquisa é:
- realizar uma revisão bibliográfica sobre os temas cosméticos e câncer de mama;
Referencial teórico
CÂNCER DE MAMA
Os cânceres ou neoplasias malignas vêm assumindo um papel cada vez mais importante entre as doenças que acometem a população feminina, representando, no Brasil e no mundo, importante causa de morte entre as mulheres adultas. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres (SILVA, 2008).
Em nosso país, a maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados (III e IV), correspondendo a cerca de 60% dos diagnósticos, por isso o número de mastectomias realizadas no Brasil é considerado alto (MAKLUF et al., 2006).
A tentativa de compreender o processo que envolve desde o diagnóstico da patologia até o período operatório com o cotidiano norteado de dúvidas e incertezas, o medo da operação, a incerteza do tratamento e até mesmo o medo da recorrência da doença (PINHO et al., 2007).
Para o Brasil, estimam-se 59.700 casos novos de câncer de mama, para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de câncer também é o primeiro mais frequente nas mulheres das Regiões Sul (INCA, 2018).
AUTOESTIMA E CÂNCER DE MAMA
Por suas características, o tratamento traz repercussões importantes no que se refere à identidade feminina. Além da perda da mama ou de parte dela, os tratamentos complementares podem impor a perda dos cabelos, a parada ou irregularidade da menstruação e a infertilidade, fragilizando ainda mais o sentimento de identidade da mulher (Wanderley, 1994). Além disso, as representações de dor insuportável, de mutilações desfigurantes e de ameaça de morte não desaparecem com a retirada do tumor, pois há sempre o fantasma da metástase e da recorrência.
Estudos têm apontado que a primeira preocupação da mulher e sua família após receberem o diagnóstico do câncer de mama é a sobrevivência. Em seguida surge a preocupação com o tratamento e condições econômicas para realizá-lo; e quando o tratamento está em andamento, as inquietações se voltam para a mutilação, a desfiguração e suas consequências para a vida sexual da mulher (SILVA, 2008).
O câncer de mama é uma doença que apresenta diferentes situações de ameaça aos seus portadores, trazendo desconforto psicológico, o que gera ansiedade e um estado depressivo na mulher; mudanças no seu estilo de vida causado por desconforto físico e pelo conceito de sua autoimagem, gerando baixa estima e libido sexual diminuído, o medo quanto ao sucesso do tratamento, assim como a possibilidade de sua recorrência e o temor da morte (DEITOS; GASPARY, 1997).
Apesar de toda informação sobre a importância da realização do autoexame das mamas, divulgada principalmente nos meios de comunicação e pelos programas de assistência à saúde da mulher, as mulheres não têm sido estimuladas o bastante para realizarem o autoexame (DUARTE; ANDRADE, 2003).
Como a mulher ainda oferece resistência e dificuldade na sua realização, devido às suas crenças ou medo, é necessário que essa prática seja estimulada constantemente e orientada por profissionais da área de saúde. (GONÇALVES, DIAS, 1999; MULLER et al., 2005).
Com o diagnóstico do câncer ou mesmo com a cirurgia de retirada do tumor mamário, a mulher se depara com uma mudança abrupta de seu corpo e terá então que reformular a imagem corporal que construiu durante toda a vida. A pessoa, ao perder parte de seu corpo, apresenta modificações em seu modelo postural, alterando assim toda a mobilidade do organismo (SCHILDER, 1999).
Quanto aos fatores que aumentam a vulnerabilidade ao câncer de mama, podem-se relacionar como genéticos, hormonais e ambientais, sendo a idade o principal potencial de adoecimento, evidenciando-se maior incidência em mulheres acima dos 50 anos (GOMES; RIUL, 2013).
Para tanto, a detecção precoce depende da realização mensal do autoexame, exame clínico anual das mamas e a mamografia (GOMES; RIUL, 2013). Ao receber o diagnóstico de câncer, as mulheres podem se sentir tristes, angustiadas, desesperadas, impotentes. Inicialmente, negam a doença e acreditam que, principalmente, a cirurgia resolverá os conflitos atuais. Além de ter a sua vaidade comprometida, a mulher sofre preconceitos e descriminação (GOMES; RIUL, 2013).
Ao submeterem-se ao tratamento radioterápico, as pacientes podem apresentar perda da autoestima e confiança, dor, alterações cutâneas, fadiga, ansiedade, angústia, medo, choque emocional, confusão e isolamento da sociedade. É importante estabelecer maneiras de enfrentar esse diagnóstico porque saber lidar com as consequências depende de um tempo. (GOMES; RIUL, 2013).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa trata-se de uma revisão de literatura que foi realizada a partir de pesquisas bibliográficas de estudos que analisaram o consumo de cosméticos x a incidência de câncer durante a última década. Para a elaboração do referencial teórico foi utilizado o tema cosmético e a incidência de câncer em órgão reprodutor feminino, a fim de ser construído um embasamento para os resultados e discussões.
Utilizou-se as bases de dados Pubmed e Scielo, e as seguintes palavras chave: “endocrine disrupters”, “estrogenicity” e “xenobiotics and cancer” (inglês).
Os critérios de inclusão foram: a) artigos que fossem publicados entre 2008 e 2018; b) artigos originais; c) possuir as palavras-chave no título; d) estudos que utilizem xenobióticos como forma de controle experimental;
Os critérios de exclusão adotados foram: a) artigos que fossem de revisão bibliográfica, sendo admitido somente artigos experimentais; b) estudos que não continham relação com o tema e objetivo do trabalho no título; c) estudos que fossem nacionais; d) artigos que não tratassem de cancer em órgãos reprodutores femininos; e) estudos que não adotassem os critérios de inclusão;
No primeiro momento, foram encontrados 4.445 artigos sendo (39) Scielo e (4.406) PubMed. Em um segundo momento foram aplicados somente dos critérios de inclusão restando 1.388 artigos sendo (11) scielo e (1.377) PubMed.
Posteriormente aplicou-se os critérios de exclusão restando ao total 20 artigos, sendo que 12 foram excluídos por conter o tema do estudo no título, no entanto não atendiam o critério de abordar o tema câncer em órgãos reprodutores femininos. Após a aplicação de todos os critérios descritos foram selecionadas 8 publicações que preencheram os critérios e passaram a ser analisados. O fluxograma apresentado na (Figura 1) representa a unidade estrutural de cada fase utilizada para a seleção dos artigos.
Resultado
O câncer de mama tem sido um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, sendo provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua alta frequência e pelos seus efeitos psicológicos (SILVA, 2008).
Nesse contexto, o projeto de pesquisa foi empregado com o propósito de abordar o tema beleza x autoestima. Escolheu-se esse tema para abordar um assunto relacionado com o cotidiano as pessoas tendem a se sentir mais familiarizados com o conteúdo abordado, e mais motivados a participar da condição proposta.
Foram revisados artigos científicos originais, conforme os critérios indexados na metodologia.
Quadro 1 – Estudos selecionados para revisão.
AUTOR | ANO | METODOLOGIA | TIPO DE ESTUDO | POPULAÇÃO | PRINCIPAIS RESULTADOS |
Myers et al. | 2014 | Adotou-se uma versão robotizada in vitro do E-SCREEN. Ensaio que quantifica a proliferação mediada por receptor de estrogênio (ER) de câncer de mama MCF-7 cells, para realizar uma avaliação de risco de extratos etanólicos de oito produtos para cabelos e produtos de cuidados da pele que são populares entre as mulheres afro-americanas para avaliar a atividade estrogênica (EA) ou anti-EA (AEA). | Estudo experimental | Teste em humanos | De 8 produtos cosméticos com parabenos testados 6 apresentaram atividade estrogênica. |
Vo et al. | 2010 | Os ratos foram tratados oralmente com os parabenos metil-, etil-, propil-,isopropil-, butil- e isobutilparabeno, a partir do pós-natal, do dia 21 ao 40, sendo de um modo dependente da dose (62,5, 250 e 1000 mg/kg de peso corporal [PC]/dia). E o Etinilestradiol (1 mg/kg PC/dia) foi usado como controle positivo e óleo de milho como veículo. | Estudo experimental | Teste em animais | Parabenos alteraram o peso de ovários, glândula supra-renal, tiroide, fígado e rins das cobais na pré-puberdade e influenciaram no início da puberdade e duração da maturação sexual. |
Hu et al. | 2013 | Neste estudo, foi realizado um exame uterotrófico imaturo, utilizando ratos Sprague Dawley (SD) por administração intragástrica para determinar os efeitos do Benzilparabeno. | Estudo experimental | Teste em animais | Pequena dose já é capaz de causar efeitos estrogênicos. A administração intragástrica aumentou o peso uterino dos animais em experimentação. |
Manzanares et al. | 2017 | Foi realizada uma investigação de dietas com alto teor de lipídeos (óleo de milho e azeite extra-virgem) no metabolismo do 7,12-dimetilbenz (a) antraceno (DMBA), um hidrocarboneto aromático policíclico que pode iniciar a carcinogênese, e suas conseqüências. Nesse estudo foi adotado o modelo experimental de câncer de mama em ratos. Sendo ministrada três dietas semissintéticas ad libitum: um baixo teor de gordura, dieta (3% óleo de milho) (Grupo LF, n = 100), uma dieta HCO (20% óleo de milho) (Grupo HCO, n = 100), ou um HOO dieta (3% de óleo de milho e 17% de azeite extra-virgem) (Grupo HOO, n = 100). | Estudo experimental | Teste em animais | Fatores ambientais como nutrição e exposição xenobiótica têm um papel na etiologia desta malignidade. Através da modulação do metabolismo xenobiótico do fígado, formação de matabólitos reativos e subsequente dano do DNA pode ocorrer no tecido alvo em especial da glândula mamária. |
Khanna et al. | 2014 | Pesquisou-se os efeitos da exposição de parabenos em concentrações de resposta proliferativa máxima em propriedades migratórias e invasivas usando três linhas celulares de cancro da mama humano que respondem a estrogênios (MCF-7, T-47-D, ZR-75-1). As células foram mantidas a curto prazo (1 semana) ou a longo prazo (20 ± 2 semanas) em meio isento de vermelho-fenol contendo 5% de soro de carvão sem adição, 10–8M, 17β-estradiol, 1–5×10–4 M de metilparabeno, 10-5 M n-propilparabeno ou 10–5 M n-butilparabeno. Exposição a longo prazo (20 ± 2 semanas) de células MCF-7 a metilparabeno, n-propilparabeno ou n-butilparabeno aumentaram a migração conforme medido usando um ensaio de arranhadura, microscopia de lapso de tempo e tecnologia xCELLigence. | Estudo experimental | Teste in vitro. | descobriu-se que as propriedades invasivas aumentam na matriz ensaios de degradação e migração através de matrigel em xCELLigence. Ainda a exposição a longo prazo (20 semanas) metilparabeno, n-propilparabeno ou n-butilparabeno podem aumentar as propriedades migratórias e invasivas das células de câncer de mama in vitro. |
Vo e Jeung. | 2009 | No presente estudo, a calbindina-D9k (CaBP-9k), um potente biomarcador para triagem de produtos químicos do tipo estrogênio in vivo e in vitro, foi adotado para examinar a potencial propriedade estrogênica dos seguintes parabenos: propil-, isopropil-, butil- e isobutilparabeno. Ratas fêmeas imaturas foram submetidas a administração desses parabenos durante 3 dias do dia pós-natal 14 a 16 com 17aetinilestradiol. | Estudo experimental | Teste em animais e in vitro. | Através desses resultados foi possível expandiram a atual compreensão dos potenciais efeitos adversos dos parabenos associados às suas atividades similares ao estrogênio. |
Sun et al. | 2016 | Neste estudo, foi avaliado as atividades uterotróficas do metilparabeno (MP) e etilparabeno (EP) em doses próximas à ingestão diária aceitável. Utilizou-se ratos Sprague-Dawley imaturos, que foram submetidos a administração intragástrica. | Estudo experimental | Teste em animais | Estes resultados mostram a estrogenicidade in vivo de MP e EP nos níveis de exposição humana e indicam que as populações expostos a grandes quantidades de MP e EP podem ter uma alta carga de doenças relacionadas à estrogenicidade. Além disso, uma simulação de acoplamento molecular mostrou interação entre os parabenos e a ligação agonista bolsa de receptor de estrogênio. |
Vo et al. | 2015 | Observou-se as interações potenciais adicionais medidas entre bisfenol A (BPA), 4-nonilfenol (NP), 4-terc-octilfenol (OP) e isobutilparabeno (IBP) em modelo de camundongos Swiss-albinos, essas ratas prenhas foram tratadas com produtos químicos binários combinados (5, 50 ou 500 mg kg (-1) b.wt. dia (-1)) do dia gestacional (GD) 1 a 21. | Estudo experimental | Teste em animais | Os potenciais efeitos da estrogênese sinérgica detectada nas anormalidades histopatológicas, como a análise do ovário, revelaram aumento de corpos lúteos, folículos císticos e hipertrofia endometrial e alterações morfométricas na mensuração do útero. |
Discussões
Conforme o quadro da presente pesquisa, no estudo de Myers, et al., 2014, no qual avaliaram a exposição das mulheres afro-americanas a produtos utilizados diariamente, pode-se atribuir a relação existente entre a atividade estrogênica e o risco oferecido por esses produtos, uma vez que, dos 8 produtos testados 6 possuíam atividade estrogênica.
Estudos de Vo, et al., 2010, avaliaram o potencial desses xenobióticos, e a partir do tratamento oral em ratos, foi possível verificar que esses parabenos (xenobióticos) conseguiram alterar o peso de alguns órgãos – ovários, glândula supra-renal, tireoide, fígado e rins – das cobaias utilizadas na pesquisa. Além disso, foi possível verificar também, que a exposição a esses compostos pode resultar em um início de puberdade precoce.
Do mesmo modo que no estudo de Vo, et al., 2010, a pesquisa de Hu, et al., 2013, demonstrou através de um exame uterotrófico realizado em ratos, que após realizar a administração intragástrica para determinar os efeitos de um tipo específico de xenobiótico o benzilparabeno, uma pequena dose foi capaz de caracterizar o efeito estrogênico nas cobaias, uma vez que no resultado foi observado o aumento do peso uterino desses animais.
Recentemente os autores Manzanares, et al., 2017, adotaram um modelo experimental de câncer de mama em ratos, nesse estudo foi ministrado as cobaias uma dieta semi-sintética, segundo os pesquisadores foi constatado que fatores ambientais como a nutrição e a exposição a xenobióticos têm um papel na etiologia desse malefício, uma vez que através da modulação do metabolismo, tem o desenvolvimento de metabolitos reativos que podem ocorrem em tecidos alvos.
Os autores Khanna et al., 2014, através de testes in vitro, avaliaram a exposição de parabenos em concentrações de respostas proliferativas utilizando 3 linhas celulares de cancro de mama em humanos que respondem a estrogênios, as células foram mantidas a exposições de curto prazo (1 semana) e a longo prazo (± 2 semanas), após esse período, foi contatado que a exposição a longo prazo aumentou as propriedades migratóricas e invasivas das celas de câncer de mama in vitro.
Thuy e Jeung, 2009, utilizaram em seu estudo um biomarcador para triagem de produtos químicos do tipo estrogênio in vivo e in vitro (calbindina-D9k), essa técnica foi adotada para examinar a possível propriedade estrogênica dos seguintes parabenos propil-, isopropil-, butil- e isobutilparabeno, durante os ensaios uterotróficos ouve aumento significativo do peso do útero.
Sun et al., 2016 avaliou a atividade dos xenobióticos metilparabeno e etilparabeno em ratos, com o propósito de verificar as atividades uterotróficas que esses compostos desempenham. Como resultado os autores conseguiram comprovar essa atividade estrogênica in vivo, e ainda mostraram que pode existir uma interação entre os parabenos com os receptores de estrogênio.
Os autores Vo et al, 2015 observaram uma interação entre uma classe de compostos químicos denominados como xenobióticos (bisfenol A, 4-nonilfenol, 4-terc-octilfenol e isobutilparabeno), e submeteram ratas prenhas a esses produtos químicos desde o 1 dia de gestação até o 21 dia, sendo possível analisar o ovário e detectar aumento de corpos lúteos, folículos císticos e hipertrofia endrometrial, comprovando os potenciais efeitos estrogênicos desses compostos.
Diante desse contexto é evidenciado que o bom senso e pragmatismo são fundamentais para um correto acompanhamento das mulheres que passaram por tratamento de câncer de mama. Sabendo que não se pode descuidar da vigilância e do apoio para a recuperação da qualidade de vida (ARAÚJO et al, 2010).
Em resumo, todos os artigos relacionados nessa pesquisa de revisão comprovam a relação do aumento da incidência de câncer com o uso dos compostos estrogênicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O controle do câncer de mama representa, atualmente, um dos grandes desafios para as políticas públicas de saúde no Brasil. Este fato tem implicado no desenho de estratégias direcionadas, que culminam na disponibilidade de métodos diagnósticos precoces, terapêutica específica e acompanhamento multidisciplinar aos pacientes.
O câncer de mama e seu tratamento interferem na identidade feminina, levando, geralmente, a sentimentos de baixa autoestima, de inferioridade e medo de rejeição do parceiro. Por isso, a assistência humanizada para a mulher, antes e após o tratamento ativo do câncer é fundamental, e pode ser aplicado através de campanhas gerais e pontuais dentro da área da saúde e da estética para a conscientização da importância de um diagnóstico completo para a sobrevida ao câncer de mama.
Referências
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